O Castro do Zambujal é um dos maiores e mais bem conservados povoados calcolíticos da Península Ibérica e um dos sítios mais emblemáticos para o estudo das primeiras sociedades agro-metalúrgicas peninsulares.
A sua edificação, no início do IIIº milénio a. C., insere-se no processo de emergência de povoados fortificados de altura, nas penínsulas de Lisboa e Setúbal, resultante de profundas transformações sócio-económicas. A complexidade das suas estruturas construtivas indicia que tenha sido o mais importante centro de fundição e comércio de minério da Estremadura portuguesa. Esta condição foi potenciada pelo amplo estuário do rio Sizandro que, à época, formava um porto natural na confluência com a Ribeira de Pedrulhos, permitindo um acesso direto à navegação marítima.
A investigação arqueológica permitiu identificar quatro fases evolutivas das estruturas defensivas do povoado, ao longo da sua existência de mais de um milénio. Assim, inicialmente, o sítio seria protegido por um recinto fortificado central, com cerca de 50 m de diâmetro, formado por muros relativamente estreitos, reforçados por torres maciças, circulares e semicirculares. Numa segunda fase, este núcleo foi reforçado com três novas e imponentes linhas de muralhas e uma barbacã dotada de seteiras, da qual se fazia a defesa da segunda linha. Um terceiro momento é caracterizado pela inoperacionalização da barbacã e dos correspondentes acessos na segunda linha de muralhas, com uma tendência para a autonomização da defesa de cada uma das muralhas. Na quarta e última fase de ocupação, assiste-se à edificação de torres ocas, que perduraram até ao abandono do povoado, por volta de 1700 a. C.
As características do povoado e o vasto espólio recolhido, parte do qual pode ser visto no Museu Municipal Leonel Trindade, permitem supor a existência de um certo grau de estratificação social, destinando-se o recinto central aos habitantes de estatuto superior e à salvaguarda dos valiosos produtos obtidos a partir das atividades metalúrgica e comercial. Enquanto a maioria da população se dedicava à atividade agro-pecuária, a acumulação de riqueza – patente nos elementos de adorno em materiais preciosos e na prestigiosa cerâmica campaniforme – estava reservada a uma minoria.
Em 1946, o Castro do Zambujal foi classificado como Monumento Nacional, em reconhecimento da sua dimensão, monumentalidade, complexidade arquitetónica, riqueza de espólio e relevância científica.
A visita ao Castro do Zambujal pode ser conduzida pelo Audioguia do Zambujal. Aceda aqui ao site da aplicação.